Atividades desenvolvidas

O projeto cria espaços onde se possa exercitar a sociabilidade, a responsabilidade e o fazer político do aluno. É no tempo para atividades livres que também a criatividade dos alunos tende a despertar, estimulando estes a pensar e a criar a partir dos espaços produzidos pela natureza nos acampamentos pedagógicos. Dessas atividades livres, de interação entre os alunos e de suas criações é, muitas vezes, que surge a crítica a vida na cidade naturalizada.


Oficinas artísticas


         As oficinas artísticas são realizadas como forma de percepção das novas e diferentes sensações com o ambiente do campo, livre de ações cotidianas e falta de tempo urbano. Um cenário perfeito para expressão artística, onde a percepção está ampliada e novas sensações são descobertas pelos sentidos quase atrofiados pela cidade.
Nos acampamentos existem experiências que remetem a sensações novas, antigas e diferentes, essas sensações, juntas com um ambiente livre de ações cotidianas, e falta de tempo, formam um cenário perfeito para expressão artística, onde a percepção está ampliada, novas sensações são descobertas pelos sentidos quase atrofiados pela cidade. O calor de uma fogueira que espanta o frio, o orvalho da noite molhando a grama onde se deita para observar as infinitas quantidades de pontos brilhantes no céu, o Sol que esquenta as barracas pela manhã impedindo que fique ali dentro e você sai, quase que parido para o dia que te espera, onde o tempo não irá passar tão rápido como se acostumou que ele passasse. E nesse tempo se cria, desde uma fotografia que registra um fragmento de segundo onde acontece algo especial tão breve quanto um piscar, ou uma fotografia que dura o tempo necessário para se observar o deslocamento da luz das estrelas.
A ideia da oficina não era exatamente essa, no início era pensada de maneira mais superficial, de forma muito mais recreativa do que de expressiva e experimental, era de ter algo para distrair e ocupar o tempo livre, doce engano, pois exatamente nesse tempo livre que acontecia o melhor, onde acontecia toda diferença, a diferença de não ter nada pra fazer e fazer o que quiser, de experimentar o que está ali e se expressar.
O Sonho provavelmente é a herança mais antiga que temos, e todo o mundo foi criado a partir dele, e ainda criamos muitas coisas por causa dele, ele revela nossos temores e desejos. O Sonho é em várias culturas pressagio daquilo que virá e através dele sabemos quem nós somos, quem fomos e quem seremos, seja na crença das antigas civilizações pagãos espalhadas pelo mundo até hoje ou nas modernas teorias da psicanálise e interpretação simbólica de Freud e de Jung.





Filtro dos Sonhos



       Um exemplo é a oficina do filtro dos sonhos onde uma mandala é feita por fios trançados em um aro. Esses fios trançados são nossos sonhos e o arco é a roda da vida, a função dele é filtrar as energias negativas que interferem em nossos sonhos, não só no tempo dos sonhos, mas também em nossa vida, e as energias em movimento que lidamos no mundo todos os dias.
O Filtro de Sonhos é uma mandala feita por fios trançados em um aro, os fios trançados são nossos sonhos e o arco é a roda da vida, a função dele é filtrar as energias negativas que interferem em nossos sonhos, não só no Tempo dos Sonhos, mas também em nossa vida, e as energias em movimento que lidamos no mundo todos os dias. Ao construir o filtro de sonhos o carregamos com um propósito, com o nosso trabalho colocamos também um pouco de nosso espírito nele, nossa energia, transformando o filtro em um instrumento de poder, uma medicina, que não só cura mas previne também. O filtro passa a ser extensão de nossa alma, guarda lembranças, sonhos e energias positivas que passamos para ele.
Essa experiência revelou que não é um momento apenas, de estar ali mostrando algo novo para passar o tempo, assim como o filtro de sonhos, é dar um pouco de si para o outro, trocar uma experiência que passa a ser parte do outro também e no fundo todos acabam sendo um, e essa troca de energia que enriquece as relações das pessoas, tanto no acampamento quanto na volta dele, de estar em locais onde não parece mais ter magia e olhar e lembrar que ela está bem ali com você, ou em um simples filtro de sonhos pendurado bem ali.




Fotografia




       Outra expressão artística é a fotografia que permite um registro do olhar sobre uma determinada realidade que às vezes é desconhecida, atuando como uma forma de percepção e interpretação desta própria realidade, fora dos muros da escola.
A fotografia sempre esteve ligada ao registro da realidade, a visão de mundo como realmente é, dando forma aos conceitos de realidade. Contudo existem discussões sobre a aceitação deste mundo real através da fotografia, considerando que o pensamento moderno ajustou a lente e o foco da câmera ao seu discurso.
A câmara fotográfica é um sistema óptico, não tem processo seletivo, e sozinha não oferece meios para experimentarmos a sensibilidade perceptiva. Quando esta percepção da realidade é alcançada, a foto deixa de ser somente uma imagem, um produto de uma técnica e de uma ação, transformando o aluno em um expectador ativo, interpretativo e crítico da realidade. A foto é um acontecimento singular e individual, um lugar de passagem entre o tempo e espaço. Representação de algo que é subjetivado.
A fotografia reproduz um olhar sobre o real, porém esta reprodução precisa ser interpretada e seus signos subjetivados e objetivados. É neste aspecto da fotografia que o Projeto Mandala realiza com os alunos. Uma forma de percepção e interpretação das imagens produzidas e captadas fora dos muros da escola, permitindo um registro do olhar sobre uma determinada realidade que às vezes é desconhecida e não questionada. "Não é um olhar sobre o objeto que o torna diferente, mas que é um olhar diferente sobre o objeto que o faz também objeto de um olhar". (CHAMARELLI, 2002)





Light-painting



         
Outra oficina artística foi a de Light-painting, uma técnica fotográfica onde se pode interferir com desenhos feitos com uma fonte de luz, técnica usada desde o princípio da fotografia, onde tentava registrar as imagens estáticas mas como o tempo necessário na época era longo, ela registrava também o deslocamento de luz no tema, e isso foi logo assimilado. Muitos artistas usaram essa técnica em trabalhos artísticos, até hoje em dia, com as novas tecnologias luminosas e fotográficas o limite vai alem do céu.
Após um dia de caminhadas longas e praias extremamente maravilhosas onde nadar nunca parecia ser demais, e a noite todos exaustas ao lado da fogueira que acendemos para aquecer, começamos a fotografar o escuro e nele desenhamos usando lanternas e até as brasas da fogueira deixaram seus rastros nas fotos que duravam segundos e minutos. Efeitos com o corpo deixando visível a áurea utilizando uma lanterna.
Assim como com as mandalas, nos surpreendemos também com as fotografias, a idéia de poder desenhar com uma lanterna o que quiser na superfície da fotografia e intervir no tema transforma a pessoa em ativa na foto.
E foi tão prático pegar uma lanterna e uma câmera fotográfica, o resto era tudo livre, poderia fazer o que quiser, e eles fizeram mesmo, essa oficina durou o resto da noite, só o esgotamento físico impediu que continuassem, depois dessa experiência repetimos essa oficina em quase todos acampamentos, e o engraçado é que muitas vezes quem participou da oficina em outros acampamentos sempre traz essa bagagem e cria coisas novas experimenta de outra maneira o olhar fotográfico





Exibição de filmes (Cinemandala)

   
 O cineclube (Cinenuted) realizado mensalmente na escola possui o objetivo da desconstrução de um olhar naturalizado sobre a linguagem cinematográfica, bem como uma aproximação do conteúdo da experiência social que é o cinema.  Em dialogo com essa proposta, a exibição de filmes no acampamento Mandala (Cinemandala) proporciona ao aluno outro tipo de experiência com o cinema. A projeção dos filmes é realizada em paredes, telas e lonas dos diversos campings em pleno ar livre e os filmes escolhidos são de temáticas relacionadas com o objetivo do acampamento. Posteriormente ao filme não há debate e sim um processo de interiorização da recepção do filme, conteúdo e linguagem, pelos alunos em suas barracas e ambientes do camping, proporcionando uma reflexão do filme na relação com o ambiente de estranhamento (acampamento), fora do seu cotidiano.



Desporto




      O desporto é realizado dentro da proposta da atividade física como um dos instrumentos para integração do grupo. Dentro da concepção do projeto, estes jogos não possuem o objetivo de competição e sua prática visa retirar os alunos da rotina de atividades do seu cotidiano que quase sempre geram competitividade, tensão e conflitos. Busca-se, desta maneira, desenvolver o equilíbrio do indivíduo nos aspectos físico, emocional, mental e espiritual.
Como um dos instrumentos para integração do grupo, é realizado dentro da proposta da atividade física a prática do desporto, mais especificamente do jogo de futebol, vôlei e pula corda. Dentro da concepção do projeto, estes jogos não possuem o objetivo de competição. Sua prática visa retirar os alunos da rotina de atividades do seu cotidiano que quase sempre geram competitividade, tensão e conflitos. Busca-se, desta maneira, desenvolver o equilíbrio do indivíduo nos aspectos físico, emocional, mental e espiritual.
O maior propósito da prática do desporto no projeto é a participação de todos e o desenvolvimento do espírito esportivo, ou seja, o comprometimento com o jogo justo, ético e com integridade. Desta forma não há a preocupação com o saber teórico ou prático; o jogo funciona como um fator de união entre as pessoas, na medida em que se propõe o respeito às diferenças.




Trilhas ecológicas



          As trilhas ecológicas surgem como uma ferramenta para a educação ambiental e visam proporcionar aos alunos um significado de preservação do meio ambiente através da experiência direta com a natureza. Busca-se também firmar a importância da preservação ambiental e despertar nos alunos novos valores, perspectivas e questionamentos através do desenvolvimento da percepção, da curiosidade e da criatividade sobre o meio ambiente em que vive. A partir das trilhas, o conhecimento e a interpretação da natureza passa além dos muros da escola, do meio urbano, a uma experiência ecológica que possibilitará uma visão crítica sobre a natureza e seus problemas.
No projeto Mandala, as trilhas ecológicas surgem como uma ferramenta para a Educação Ambiental. Seus objetivos visam proporcionar aos alunos um significado de preservação do meio ambiente através da experiência direta com a natureza. Busca também firmar a importância da preservação ambiental e despertar nos alunos novos valores, perspectivas e questionamentos através do desenvolvimento da percepção, da curiosidade e da criatividade sobre o meio ambiente em que vive.
A educação se desenvolve a partir da relação das teorias em sala de aula, em diversas disciplinas do ensino médio e técnico, com a prática empírica do real, cheia de conflitos. A partir das trilhas o conhecimento e a interpretação da natureza passa além dos muros da escola, do meio urbano para uma experiência ecológica que possibilitará uma visão critica sobre a natureza e seus problemas.
Deste modo, as trilhas constituem uma importante ferramenta pedagógica ao permitir que as áreas naturais se tornem salas de aula ao ar livre proporcionando atividades que revelam novos aprendizados e formas diferenciadas do aprendizado tradicional.





Rodas de conversa



         As rodas de conversa, muita frisada entre os alunos, remetem é a roda de conversa como uma atividade integradora. É tempo de conhecer e trocar experiências com aqueles que a rotina da escola não permitiu; as rodas de conversas revelam o cotidiano dos alunos na escola. De forma descontraída, é neste espaço que se lida com diferenças, com as personalidades distintas de cada um, com as dificuldades individuais e onde aparecem as semelhanças. Assim, é possível refletir e pensar sobre sua vida urbana estando a alguns quilômetros de distância, imerso em um outro contexto.
É o espaço de maturação das idéias, das reflexões e das críticas. A roda também é o momento da descontração, das confissões, do ombro amigo e das lembranças - mais vivas do que nunca nestes momentos - da escola e da vida de forma geral. Risos e performances estão presentes nas histórias e também nas fotografias dos acampamentos






Explorando a cultura local



         O Mandala é o lugar do estranhamento e por isto explorar a cultura local é uma de suas atividades. As malas que chegam cheias de urbanidade, do ritmo frenético da grande cidade, se desmontam. É tempo de armar as barracas no território desconhecido, na cidade nova. Espaços se abrem para experimentar o novo e estranho ritmo daquela cidadezinha, que se escondeu das grandes rodovias e do comércio que grita no alto falante. Algumas só se chegam de barco, outras aparecem no meio de montanhas.

A individualidade, a pressa e o tempo escasso abrem espaço para a solidariedade, para esta palavra que soa até estranho aos moradores das grandes cidades. Ajudar o amigo na trilha, dividir o almoço, compartilhar a mesma barraca e cantar a mesma música são emblemas das experiências vivenciadas nos acampamentos.
Tudo é pretexto para um bom papo, um bom amigo, uma boa confissão. As práticas e atividades desenvolvidas só relembraram aquilo que tem de mais fundamental, mas que esquecemos quase todos os dias: o homem só é homem porque antes de tudo é um ser social, que vive em coletivo. O Projeto Mandala foge da naturalização. Refletir é a palavra-chave. Interiorizar-se e, em seguida, exteriorizar-se.
Repensar o modo de viver e buscar uma brecha para fazer o diferente. Neste sentido, os acampamentos nunca acabam, eles sobrevivem nas memórias. As cidades. As culturas. As histórias no Mandala, tudo segue no plural





Lual




         Na maioria das noites de acampamento o frio castiga e uma fogueira esquenta tanto o corpo quanto a alma, muitas vezes rola um violão, músicas e histórias de diversos gêneros para todos os gostos. O mais legal que todos ali contribuem com a fogueira seja cantando, tocando algum instrumento ou catando lenha, e sem um desses já não seria a mesma coisa, sem a lenha o fogo apagaria, sem a música não teria harmonia, e sem as pessoas ali dispostas a fazer acontecer não teria nada disso, pois quando um cansa sabe que te outro ali pra cantar, um ajuda o outro a entrar no mato atrás de gravetos, os dedos cansam mas tem gente ali dando animo. E esse é o espírito mesmo da coisa, de estar unido por algo bom, como já disse, não só aquece o corpo mas também a alma.
Muitas vezes pessoas que passavam direto umas pelas outras no espaço da escola, quando se encontram na roda da fogueira cantando a mesma música percebem que existe algo em comum que vai além das notas em algumas disciplinas, elas têm algo em comum na vida enquanto pessoas. Acabam com os preconceitos, e simplesmente se abraçam.

Muitas dessas coisas que percebemos em relação às pessoas que nos cercam ali no Luau, e no trabalho que executamos para manter viva a chama da fogueira valem para toda a vida, não só para a vida acadêmica que é muito importante mas também para a vida social cotidiana tão importante quanto, por que perceber que um a mais ao seu lado na roda é melhor, pois trocando informação e cada um contribuindo com aquilo que gosta, faz toda a diferença para as coisas darem certo e todos crescerem juntos





Tai Chi Chuan

      
      O Tai Chi é uma antiga arte chinesa, originalmente Arte marcial, isto é, uma arte de luta. Com o passar do tempo, a incorporação de exercícios que visavam a harmonia de corpo e mente foi fazendo do Tai Chi uma prática buscada mesmo por aqueles que não pensavam em lutar, mas apenas desenvolver o corpo, a mente e saúde. 
     A prática do Tai Chi Chuan incorpora exercícios de Qi Gong (Chi Kung), que são os exercícios respiratórios específicos para trabalhar o Qi (Chi), a energia vital que percorre o corpo e traz saúde,e vigor e bem-estar. É essa mesma energia, Qi, que é trabalhada na prática terapêutica da Acupuntura, através da inserção de agulhas no corpo do paciente, em pontos específicos.
   Uma das grandes metas do Projeto Mandala é levar os participantes a uma 'Interiorização', que pode ser explicada mais ou menos como voltar a atenção consciente para aspectos do Eu, como seus próprios pensamentos, sensações, sentimentos, emoções, 'palpites', intuição, harmonização consigo, com o espaço ao redor, com a Natureza, com os demais. Para alcançar este objetivo, várias propostas são levadas a efeito, incluindo momentos de silêncio em contato com a natureza, a busca por inspiração artística, e o próprio Tai Chi Chuan.
      A prática do Tai Chi, com essa finalidade, presenteou-nos com uma boa resposta dos alunos envolvidos, tendo sido solicitada com maior freqüência, nas avaliações realizadas pelos mesmos ao término de cada acampamento. Nesta prática, trabalha-se o corpo por inteiro, suavemente, a flexibilidade, a força (por incrível que pareça!), o equilíbrio, e a precisão dos movimentos. Como resultado, sente-se o corpo mais vitalizado, mais energizado, e a mente fica acalmada, 'desestressando' por um bom tempo após a treino.

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